PATOLOGIAS

PATOLOGIAS

NEUROMA DE MORTON

NEUROMA DE MORTON

Definição O Neuroma de Morton é uma tumoração benigna dos ramos digitais dos nervos plantares. Ocorre mais comumente no terceiro espaço intermetatarsal (entre o terceiro e o quarto osso metatarsal). Os ramos do segundo espaço intermetatarsal também são acometidos em algumas vezes. A patologia foi descrita por Thomas Morton em 1876. A incidência é maior nas mulheres acima de 40 anos mas podem ocorrer em qualquer idade e sexo.
Causas Acredita-se que ocorra pela união entre ramo lateral e medial dos nervos digitais plantares, o qual fica engrossado e comprimido. E isto ocorre com mais frequência no terceiro espaço intermetatarsal, sitio mais comum de encontrar-se o Neuroma de Morton.
Queixas e Diagnóstico O Neuroma de Morton produz forte dor na parte da frente do pé, levando o paciente, em algumas ocasiões, a retirar o sapato e massagear os dedos para alívio da dor. Caracteristicamente a dor irradia-se para o segundo, terceiro e/ou quarto dedos, podendo ocorrer sensação de queimação e anestesia nos mesmos, agravadas pelo uso de sapatos apertados ou de salto alto.
um exame clínico que comprova a presença do Neuroma é o Sinal de Mulder que consiste na compressão látero-lateral das cabeças dos metatarsos com uma mão enquanto a outra comprime o espaço comprometido. Esse teste pode produzir dor e clique palpável causado pelo deslocamento do neuroma de Morton quando as cabeças são comprimidas muitas vezes ocasionando dor.
Embora seja de diagnóstico na maioria das vezes clínico, exames subsidiários, como a ultra-sonografia e a ressonância magnética, podem ter grande valia no auxílio diagnóstico, principalmente quando da existência de múltiplos neuromas.
Tratamento O tratamento não cirúrgico é uma opção e consiste na orientação ao paciente quanto ao uso de calçados sem salto elevado e com a caixa anterior dos dedos larga permitindo uma adequada acomodação dos dedos. A infiltração do espaço intermetatarsal comprometido pode ser de alguma valia, porém é muito improvável que o alivio dos sintomas seja duradouro. Muitos pacientes conseguem conviver bem com o Neuroma de Morton e não necessitam qualquer tratamento específico.
Cirurgias Aqueles pacientes com sintomas importantes podem se beneficiar com o tratamento cirúrgico que classicamente consiste na remoção do neuroma. Eventualmente o alivio completo da dor não é alcançado e pode ocorrer perda da sensibilidade definitiva de uma parte dos dedos, mas a satisfação pós-operatória ocorre na imensa maioria das vezes, mesmo nestes casos.

Transoperatório: Remoção do Neuroma
morton

Neuroma de Morton
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DEFORMIDADE DOS DEDOS MENORES

DEFORMIDADE DOS DEDOS MENORES

Definição Os dedos menores são todos os dedos do pé, com exceção do dedão. Existem divergências quanto aos nomes dados para os diferentes tipos de deformidades. Os termos mais utilizados são Dedo em Garra, Dedo em Martelo e Dedo em Malho. Estas deformidades podem ser flexíveis ou rígidas.
Causas A principal causa destas deformidades é o uso de calçados de bico fino e salto alto, comum entre as mulheres. Patologias inflamatórias articulares como a Artrite Reumatóide e a presença de joanete grave com desvio secundário do segundo dedo, também são causas comuns.
Queixas Dor em áreas de pressão exercida por calçados fechados nas proeminências ósseas, são queixas comuns. Estas áreas mais comumente são em cima e na ponta dos dedos e na região plantar do pé, próximo ao início dos dedos (abaixo das cabeças dos metatarsos). A presença de calosidades nestas áreas é bastante freqüente.
Tratamento O tratamento sempre deve iniciar de maneira não cirúrgica através do uso de calçados largos que acomodem as deformidades, anéis protetores de silicone para proteção aos dedos comprometidos e palmilhas apropriadas em casos de dor e calosidades na planta do pé.
O tratamento cirúrgico algumas vezes é instituído nas deformidades que não resolvem com o tratamento não cirúrgico.
Cirurgias Na presença de deformidades flexíveis e leves realiza-se a tenotomia percutânea dos flexores dos dedos. Na presença de deformidades rígidas devemos sempre realizar cirurgias com a remoção de pequeno fragmento de osso. São cirurgias muito simples e rápidas e com resultado bastante favorável. O pós-operatório destas cirurgias costuma ser muito pouco doloroso e é muito bem tolerado.

Pré-Operatório
3344 009

Pós-Operatório
1 ANO PO

Pré-Operatório
D1

Pós-Operatório
D2

FASCÍTE PLANTAR

FASCÍTE PLANTAR

Definição A fascíte plantar é uma afecção inflamatória e degenerativa da origem da fáscia plantar no osso calcâneo.
Causas A fascíte plantar está associada à obesidade, caminhadas prolongadas e principalmente ao encurtamento do tendão de Aquiles. Pode ocorrer em pessoas sedentárias e também nas que fazem atividades físicas de rotina.
Queixas Esporão calcaneano plantar muitas vezes está presente em pessoas com quadro crônico, mas não é a causa da dor referida pelas pessoas com fascíte plantar. O esporão calcaneano também pode estar presente em pessoas sem fascíte plantar e sem dor.
Tratamento O tratamento da fascíte plantar é não cirúrgico, alcançando sucesso em mais de 95% das vezes. Cirurgia é raramente indicada. Exercícios de alongamento do tendão de Aquiles e da fáscia plantar devem sempre ser instituídos com alto índice de sucesso. Outras modalidades terapêuticas sugeridas são o uso de órteses noturnas para alongamento do tendão de Aquiles, anti-inflamatórios não esteróides para alívio temporário dos sintomas, calcanheiras de silicone e fisioterapia. O uso de ondas de choque extra-corpórea pode ser efetivo, porém está indicado somente após 6 meses de tentativa de tratamento com as modalidades descritas acima. A infiltração local de corticosteróides não deve ser realizada rotineiramente pela possibilidade de ruptura iatrogênica da fáscia plantar.
Cirurgias O tratamento cirúrgico é raramente indicado. Consiste na remoção de pequena porção da fáscia plantar acometida ou do alongamento cirúrgico do Tendão de Aquiles.

Alongamento do Tendão de Aquiles
alongamento da panturrilha (1)
FASCITE PLANTAR
Alongamento da Fáscia Plantar
alongamento da fascia plantar

HÁLUX VALGO (JOANETE)

HÁLUX VALGO (JOANETE)

Definição O hálux valgo, popular joanete, é uma deformidade muito comum. Está presente em 30% da população feminina onde ocorre, na maioria das vezes. O fator hereditário é bastante relacionado com o desenvolvimento do hálux valgo. Aproximadamente 90% das pessoas com hálux valgo tem um familiar com a deformidade. Pode estar presente na adolescência e até mesmo na infância.
Causas Origina-se através do desalinhamento da articulação metatarso-falangeana do hálux. A falange (osso do dedão) se desvia lateralmente e o metatarso, medialmente. Desta maneira ocorre a proeminência da cabeça do metatarso. Não existe propriamente um crescimento ósseo.
Queixas O principal sintoma do hálux valgo é a dor no osso proeminente. A pressão dos calçados é a causa mais freqüente deste desconforto. O uso de calçados fica bastante prejudicado nestas pessoas.
Tratamento Tratamento não-cirúrgico é sempre a primeira opção para quem tem a deformidade de hálux valgo. Muitas vezes, a dor pode ser aliviada pela eliminação de atrito sobre o osso desviado. Avaliação do calçado pode revelar-se útil para fazer recomendações de alteração ou mudança no tamanho ou estilo dos sapatos. Uma caixa anterior do sapato mais larga pode reduzir a dor significativamente.
Entretanto muitas pessoas optam pelo tratamento cirúrgico, único meio de resolver definitivamente a patologia.
Cirurgias, anestesia e pós-operatório As expectativas pré-operatórias de quem tem hálux valgo, desempenham um papel importante na satisfação pós-operatória. O alívio da dor é freqüentemente o principal objetivo, mas o componente estético e a capacidade de usar sapatos mais estreitos são freqüentes desejos.
A técnica cirúrgica escolhida deve realinhar a articulação metatarso-falangeana recolocando o primeiro metatarso em sua posição correta. Diversas técnicas cirúrgicas foram descritas para a correção do hálux valgo e devem ser utilizadas de acordo com o grau de deformidade (leve, moderado ou grave) e experiência do cirurgião. A cirurgia com corte ósseo em “V” (Chevron) com fixação interna com mini-parafusos é a que traz resultado mais satisfatório.
Anestesia:
A anestesia empregada é regional (penta bloqueio do pé) associada a medicamentos sedativos. Assim os riscos cirúrgicos são minimizados e a dor bastante diminuída.
Pós-operatório:
É possível caminhar no primeiro dia pós-operatório com calçado especial tipo Barouk, sem a necessidade do uso de gesso. Este deve ser utilizado por 40 dias. O inchaço é normal. É mais pronunciado nas primeiras semanas, mas pode se manter por alguns meses.

Pré-Operatório

Pós-Operatório

Pré-Operatório
HV PRE

Pós-Operatório
HV POS

Calçado Barouk
BAROUK

HÁLUX RÍGIDO

HÁLUX RÍGIDO

Definição Hálux Rígido é uma patologia em que ocorre uma degeneração localizada na primeira articulação metatarso-falangeana (MTF), caracterizada por dor e limitação do movimento desta articulação.
Estimado em afetar um em 45 adultos com idade superior a 50 anos de idade. Na grande maioria das vezes, não está relacionada à degeneração em outras articulações do corpo.
Causas Não existe uma causa estabelecida. Entretanto acredita-se que esteja relacionado a traumas repetitivos ou único entre o osso do dedão (falange proximal) e do pé (metatarso) ou a uma configuração anatômica própria da pessoa. Ambas situações podem predispor à lesão da cartilagem e futuro desenvolvimento da patologia.
Queixas O sintoma inicial geralmente é dor na articulação MTF, perto do dedão, agravada pelo caminhar e que alivia ao repouso. O uso de calçados flexíveis e principalmente de salto alto tende a piorar os sintomas.
A proeminência óssea, característica do Hálux Rígido, pode causar problemas de adaptação a calçados fechados. A pele sobrejacente a ela encontra-se muitas vezes avermelhada.
Tratamento O tratamento inicial do Hálux Rígido é geralmente não-cirúrgico e visa a redução da inflamação e da dor. O uso de medicamentos anti-inflamatórios não-esteróides pode ser usado. Calçado para acomodar as proeminências ósseas também é muito útil em pacientes com doença mais avançada.
Modificação das atividades físicas também deve ser considerada para estas pessoas. Ciclismo e natação não forçam a articulação acometida e são exercícios recomendados.
Cirurgias A cirurgia indicada em grande parte das pessoas é a Artroplastia Interposicional. Consiste na remoção de pequena porção de osso e de restos de cartilagem da falange e do metatarso e da proteção da articulação com a interposição da cápsula articular. O objetivo desta cirurgia é eliminar a dor, remover proeminências ósseas e ao mesmo tempo manter um grau de mobilidade articular.
A artrodese metatarso-falangeana é indicada em casos selecionados. O índice de sucesso com esta cirurgia é alto. Entretanto elimina-se o movimento articular, o que é pouco aceito pelas pessoas.

RX: Hálux Rígido

Transoperatório: Hálux Rígido

INSUFICIÊNCIA DO TENDÃO TIBIAL POSTERIOR

INSUFICIÊNCIA DO TENDÃO TIBIAL POSTERIOR

Definição O tendão tibial posterior é o principal inversor do pé e um dos responsáveis pela manutenção do arco longitudinal medial do pé, auxiliado pelas estruturas cápsulo-ligamentares da região. É um tendão muito importante para a correta marcha do ser humano.
Causas Não existe uma causa definida. O local do tendão em que a degeneração inicia é uma zona que recebe um aporte sanguíneo mais dificultoso. E também é uma zona que o tendão passa da perna para o pé em uma posição encurvada e de forte contato com um osso do tornozelo. Estes são fatores que podem contribuir para a sua degeneração. Ocorre quase exclusivamente em pessoas do sexo feminino acima de 40 anos de idade.
Queixas Caracteriza-se por dor e aumento de volume (inchaço) na região medial (parte de dentro) do tornozelo e pé. Pode ocorrer nos dois pés em aproximadamente 5% das vezes. Observa-se redução do arco longitudinal medial e crescente dificuldade em realizar caminhadas mais prolongadas e principalmente em ficar na ponta dos pés.
Tratamento Em casos iniciais a diminuição de atividades físicas e medidas anti-inflamatórias locais (gelo, fisioterapia) podem ser de grande valia. Órteses protetoras que estabilizam o pé (Robot-Foot, Aircast, estabilizador do tornozelo) protegem o tendão, diminuindo os sintomas. Estas medidas são mais eficazes nos estágios iniciais da doença.
Cirurgias O tratamento cirúrgico deve ser recomendado caso o tratamento não cirúrgico não traga resultados favoráveis. A limpeza do tendão tibial posterior é indicada em casos bastante iniciais em que ainda não houve uma queda do arco longitudinal medial e o tendão encontra-se funcionante. Porém, na maioria das vezes o tratamento cirúrgico envolve a remoção do tendão degenerado associado à osteotomia varizante do osso calcâneo para corrigir a posição desviada do mesmo e a transferência do tendão flexor longo dos dedos (tendão menos importante do pé) para refazer a função do tendão tibial posterior. Artrodeses (união entre duas ou mais articulações) devem ser indicadas em casos bastante avançados. Os resultados dos tratamentos cirúrgicos são satisfatórios em mais de 85% das vezes, se bem indicados.

LESÃO LIGAMENTAR DO TORNOZELO

LESÃO LIGAMENTAR DO TORNOZELO

Definição Os ligamentos são as estruturas mais comumente lesionadas em um entorse do tornozelo. Entretanto diversas outras lesões podem ocorrer. Fraturas do tornozelo, fraturas de diversos ossos do pé (metatarso, calcâneo, tálus), lesões dos tendões fibulares e lesões de fragmentos de cartilagem do tálus (lesões osteocondrais) também podem ser causados pelo entorse do tornozelo. Lesões nervosas também podem ocorrer mas são muito raras e geralmente transitórias.
Causas O entorse do tornozelo é reponsável pela lesão dos seus ligamentos. É a lesão ortopédica mais comum dentre todas as lesões esportivas, ocorrendo aproximadamente 19 mil lesões por dia no Brasil e 25 mil nos Estados Unidos. Existem dois tipos de entorse. O entorse em inversão é o mais comum, ocorrendo em 85%-90% das vezes. Nele o pé é movido forçadamente para dentro resultando em dano aos ligamentos laterais do tornozelo. O ligamento fíbulo-talar anterior é o mais lesado, seguido do ligamento fíbulo-calcaneano. O ligamento fíbulo-talar posterior é raramente lesado no entorse do tornozelo. No entorse em eversão o movimento forçado do pé é para fora com danos aos ligamentos mediais. Ocorre em 10%-15% das vezes.
Queixas Dor e inchaço na região onde situam-se os ligamentos lesionados ocorrem invariavelmente. Pode ser no lado lateral, medial ou em ambos. A formação de hematoma geralmente ocorre, mas não é uma regra. Pode ser um acontecimento tardio. A impossibilidade de caminhar ou de colocar o pé no chão faz pensar em uma lesão ligamentar maior ou em uma fratura.
Tratamento O tratamento inicial das lesões ligamentares agudas do tornozelo é sempre de maneira não cirúrgica, independente do grau da lesão. Imobilização com tala gessada pode ser feita inicialmente em pessoas com muita dor. Entretanto deve-se utilizar imobilização removível com órtese tipo Aircast, estabilizador do tornozelo ou Robot-Foot, assim que a dor e o inchaço permitirem. O uso de uma destas órteses é obrigatório tendo como objetivo bloquear os movimentos de inversão (pé para dentro) e eversão (pé para fora) que podem lesionar ainda mais os ligamentos. Gelo e elevação do membro são sempre recomendáveis nas primeiras semanas após a lesão.
Cirurgias A cirurgia é indicada quando o tratamento fisioterápico for insuficiente para a melhora do paciente. Em casos de dor e/ou inchaço crônico realiza-se a artroscopia do tornozelo. É uma cirurgia na qual se realiza duas mini-incisões e se utiliza uma câmera que é introduzida na articulação. Não há necessidade de internação hospitalar.
Quando houver queixas de entorses de repetição do tornozelo realiza-se o retensionamento dos ligamentos frouxos com reforço do retináculo, estrutura fibrosa presente perto dos ligamentos (técnica de Brostrom-Gould).
Tanto a artroscopia do tornozelo quanto a cirurgia de Brostrom-Gould apresentam resultados muito bons no tratamento das lesões residuais.

Diagrama: Entorse do tornozelolesao

Lesão Ligamentar do TornozeloDSC01216